sábado, 11 de dezembro de 2010

As mulheres do século XXI

Ainda há menos de 100 anos os direitos das mulheres eram quase nulos, não existiam praticamente leis que as protegessem em relação aos abusos por parte dos homens, as que quisessem optar por um trabalho fora de casa eram muito mal pagas e descriminadas, não existia legislação para proteger estas mulheres em caso de maternidade, entre muitas outras coisas.
Coisas que consideramos tão básicas como o direito ao voto do género feminino são bastante recentes na maior parte do mundo e ainda nem sequer existem noutra parte.

Os movimentos feministas por altura da primeira guerra mundial e posteriormente na segunda metade da década de 60 e inícios da de 70 foram fundamentais para mostrar ao mundo (pelo menos ao mundo ocidental) que as mulheres podem desempenhar quase todas as funções profissionais tão bem como os homens e que em algumas conseguem mesmo superá-los por larga margem.

E hoje? Onde se encontra esta suposta igualdade nos dias de hoje no nosso país?
Este assunto normalmente é abordado na perspectiva feminina, acho que poderá ser interessante ver a minha e a opinião de outros homens em relação a uma questão que continua a ser tão importante nos dias que correm.

Nos quase 100 anos desde o início desta “revolução feminina” , parece-me que muita coisa melhorou, muito há ainda por fazer e algumas coisas pioraram...

Nesta nova sociedade uma das diferenças mais notórias foi a passagem das mulheres à vida activa, fora do lar, não consegui encontrar dados credíveis mas os que encontrei apontam para que neste momento 45% da força de trabalho no nosso país seja da responsabilidade das mulheres.

Este número muito próximo da paridade, em contraste com os números absolutamente marginais do início do século anterior são a maior prova que a nossa maneira de viver alterou-se completamente, e com isso o papel social dos géneros foi completamente modificado.

À 100 anos atrás pedíamos às mulheres que fossem mães e donas de casa, hoje pedimos que sejam autênticas super-mulheres!
É suposto afirmarem-se para conquistarem o seu lugar e estatuto na empresa, têm que tratar dos filhos, continuam a ser as responsáveis pela lida da casa e se tudo isto ainda não chegasse, uma boa parte tem ainda a responsabilidade de tratar das questões administrativas do casal!

Em menos de 100 anos passámos de um extremo ao outro, não é raro verem-se mulheres a criticar outras mulheres por decidirem tirar os 120 (90 +30) dias permitidos pela lei portuguesa de licença de maternidade.

Apesar da legislação, é praticamente impossível para muitas mães amamentarem os filhos no local de trabalho, para além da dificuldade logística (ainda são muito raras as empresas no nosso país que têm cresce para as mães deixarem os pequenos) mesmo quando é possível, as mulheres sofrem uma pressão brutal para abdicarem deste direito não só delas como dos seus bebés.

É ainda frequente perguntar-se a uma mulher quando vai ingressar numa empresa se casou ou pretende casar nos próximos meses, com receio que possa engravidar, colocando um problema para a entidade empregadora, é verdade que é um potencial problema para uma empresa estar a contratar um mulher em período fértil e muitas, como é natural, evitam fazê-lo mas tudo isto poderia se contornado no caso de existirem benefícios fiscais para as empresas que tivessem nos seus quadros mulheres grávidas ou em licença de parto.

Tantas são as mulheres que se debatem diariamente com o dilema de por um lado terem que manter a sua carreira profissional e por outro uma vontade biológia tremenda de serem mães, muitas acabam por adiar ao máximo a maternidade, vindo mais tarde a ter problemas de fertilidade devido à idade avançada em que tentam engravidar.
O número de casais com problemas de infertilidade não pára de aumentar e ainda que as causas apontadas para este fenómeno sejam variadas muitas delas prendem-se com a idade com que as mulheres têm o primeiro filho e os elevados níveis de stress a que estão sujeitas na sua rotina diária

A solução para este problema não é simples mas passa sem dúvida por nós homens compreendermos o quão importante é para as mulheres terem o direito de poderem ser mães e mesmo assim não terem de abdicar de tudo o resto na vida para o fazer, se antes o nosso papel era caçar, fornecer comida e protecção, se mais tarde esse papel passou a ser fornecer o sustento para a família, qual é hoje o nosso papel?

A verdade é que com isto tudo também nós homens andamos um bocado perdidos, uma das expressões que se ouvem quase diariamente por parte dos mais velhos e às vezes nem assim tão velhos é o: “já não se fazem homens como antigamente”, dando o devido desconto de que as gerações anteriores têm sempre a sensação que a geração dos mais novos não perdeu qualidade, será que esta expressão não faz algum sentido?

Até à meia dúzia de décadas a nossa parte no plano geral das coisas era uma função fundamental, sentíamos-nos úteis, não tipo homens das cavernas, mas levávamos a comida para a mesa... hoje não é bem assim, o nosso papel já não é tão importante, isso provoca uma falta de auto-estima, uma castração da masculinidade e um aumento dos níveis de ansiedade e stress que depois se reflecte nos relacionamentos.

Estudos relativamente recentes demonstram esta tendência de uma forma biológica, por mais impressionante que isto posso parecer, a quantidade média de testosterona tem vindo a cair nos homens norte-americanos de forma consistente nas últimos décadas (o dados apenas remontam desde a década de 60 até aos dias de hoje, se não estou em erro).

Ninguém tem dúvidas que os sexos se complementam, existem funções que fazem mais sentido serem executadas por mulheres e outras por homens, em termos biológicos estamos equipados de maneira diferente e quanto a isso não há nada a fazer. Por muito que um homem tente não vai conseguir amamentar um bebé, é curioso que tive dificuldade em arranjar um exemplo de algo que um homem faça que uma mulher não consiga fazer (se excluir a parte de engravidar uma mulher!). Apesar desta minha dificuldade não é difícil lembrar-me de profissões que são executadas maioritariamente por homens devido a uma maior aptidão de visualização espacial para as realizarem. Apesar destes exemplos são incontáveis as profissões para as quais cada um dos sexos esta melhor equipado.

Cada casal é um casal e este tipo de coisas não se pode definitivamente generalizar mas sem dúvida que a dignificação a mulher começa em casa... a partir do momento em que ambos trabalham fora de casa não faz sentido haver um responsável pela lida doméstica, as tarefas têm de ser divididas mesmo (não é o homem que ajuda a mulher, aí a responsabilidade continua a ser toda dela).

Depois passamos para o trabalho... acho que em vez de andarmos a lutar pela paridade na assembleia a republica temos de atacar o problema pela raiz, não é o facto de haver 33% de deputados do sexo feminino, ou 45% ou 50% que vai fazer diferença, o que era importante era verificar-se que sempre que uma mulher executa um trabalho tão bem como um homem deve receber o mesmo que ele, e quando o executa melhor deve receber mais, e acho que aqui sim continua a haver uma grande injustiça, não sei qual o número ao certo nos dias que correm mas em quadros de empresas privadas as mulheres a desempenharem funções equivalentes a homens ainda recebem menos cerca de 30% de ordenado, isto não se altera com uma mudança de legislação. Não é possível fazer uma lei que consiga avaliar qualitativamente o trabalho realizado na empresas, é necessária uma mudança de mentalidade por parte das pessoas que fazem essa avaliação.

As mulheres dos dias de hoje, na minha opinião, continuam mais do que nunca a precisar de um carinho enorme, de alguém que as entenda quando chegam a casa, de alguém a quem se podem revelar e a quem não têm de ter medo de mostrar todas as suas fragilidades, alguém que as possa proteger. É verdade que não precisam de ser protegidas de lobos, leões e ursos mas os ataques que sofrem por parte do mundo que as rodeia são bem mais perigosos e destrutivos que estes animais.

Em termos de sociedade global, a forma de julgar os autores de maus tratos tem que ser agilizada e as penas têm de ser mais pesadas, o divórcio tem que ser facilitado e as mulheres protegidas em termos financeiros nestas situações.
No caso das leis laborais tem que se garantir que as que existem são cumpridas pelos patrões, aumentar um pouco mais o tempo de licença de maternidade que tão importante é na vinculação da criança à mãe e vice-versa.
Empresas com mais que um determinado número de trabalhadoras deveriam receber benefícios fiscais no caso de oferecerem serviços de cresce de qualidade comprovada por organismos independentes.

A mãe é a mãe mas esta emancipação das mulheres abre a porta para os pais terem um lugar mais importante na educação das crianças, a alteração de papeis que falava à pouco passa também por os pais abraçarem as tarefas de cuidar dos filhos de uma forma muito mais intervertiva. Se é verdade que nós homens em termos biológiocos não estamos tão bem equipados para muitas tarefas relacionadas com os pequenitos, não é menos verdade que existem muitas outras que estamos tão bem equipados mas que evitamos fazer por comodismo. Mais do que um dever é um direito de nós homens disfrutarmos da paternidade, é de uma grande cobardia os homens depositarem toda a responsabilidade da educação e criação de uma filho nos ombros mais frágeis de uma mulher.

Em termos mundiais seria importante haver pressão por parte dos países influentes para que acabassem tantas das atrocidades que ainda hoje são cometidas... não faz sentido em pleno século XXI ainda existirem 100 000 000, sim são mesmo 100 milhões de mulheres, sujeitas a mutilação sexual com o único objectivo de lhes roubar a possibilidade de viverem uma sexualidade com prazer!!

Obviamente que tenho consciência que são realidades culturais muito difíceis de alterar, são na sua maioria países africanos e do médio oriente difíceis de influenciar culturalmente, no entanto fáceis de influenciar financeiramente!
Penso que o método teria de passar por premiar com importações e outros apoios de ordem variada os países que não só criassem legislação para acabar com as mutilações como assegurassem o cumprimento dessa legislação.
Tenho consciência que o problema não se resolve do dia para a noite mas era importante haver um esforço ocidental para beneficiar os governos que criassem e aplicassem políticas para acabar com este flagelo.

Reparem que não estou a falar da imposição de sanções, compreendo a complexidade cultural que este tipo de questões envolve. Refiro-me a utilizar os nossos recursos “adicionais” para auxiliar os países que partilham os nossos padrões morais em vez de direccionar essa ajuda para países onde essa moralidade não existe.

Não tenho dúvidas que a igualdade pela qual tantas mulheres já lutaram vai ser eventualmente alcançada, um século é mesmo muito pouco tempo e nestes 100 anos não há dúvida que muita coisa mudou.
Se vamos atingir o equilíbrio entre os sexos, na minha humilde opinião muito mais importante que a iguladade? Parece que será mais difícil.
A forma como neste momento se encontra tudo baralhado não agoira um bom futuro.

Quando um homem e uma mulher escalam uma montanha complementam-se de forma perfeita, se por um lado a maior agilidade da mulher é determinante em certas partes do percurso, a maior força física do homem é fundamental noutras, esta “escalada a dois” foi a forma como durante milhares de anos os nossos antepassados fizeram da nossa espécie uma das mais bem sucedidas que caminha à face da terra. Um dos desafios da nossa geração é aprender a respeitar e a amar o sexo oposto (se for essa a nossa orientação sexual) não somos iguais, não somos melhores uns que os outros, somos apenas duas metades da mesma pedra!!

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